Muitas vezes ficamos preocupados com qual o melhor volumoso que devemos fornecer aos nossos animais e se usamos capim “in natura” ou feno pré-secado. Qual a melhor ração concentrada e se devemos suplementar as dietas com aminoácidos e outros aditivos alimentares. Nessa constante preocupação, muitas vezes, alguns aspectos básicos são esquecidos, como por exemplo, a água que é um nutriente muito importante para a saúde dos cavalos, em especial, dos que praticam atividades físicas.

Para os animais praticarem atividades físicas é importante que consumam nutrientes nas quantidades adequadas, para atender as exigências nutricionais. Sendo assim, o consumo de alimento e ingestão de nutrientes é influenciado por vários fatores, como idade, estado fisiológico, exercícios, temperatura ambiente, ingredientes da dieta, tamanho da partícula, frequência de alimentação e teor de fibra da dieta ou ração completa. Porém, um grande regulador do consumo de alimento é a qualidade e quantidade de água consumida diariamente.
Em nutrição animal, sempre recomenda-se que a qualidade de água fornecida aos animais, seja tão boa quanto àquela destinada ao consumo humano. Então, fornecendo diariamente uma fonte de água potável e à vontade, estaríamos garantindo que os animais não tenham seus consumos de água restringidos e sim disponibilizados para atender as exigências fisiológicas de cada categoria animal.
Limpar os bebedouros frequentemente, removendo algas e outros materiais que possam prejudicar os aspectos qualitativos da água, como restos de alimentos e insetos, são medidas necessárias para manter um consumo de água adequado pelos animais. Algumas algas que se formam em bebedouros e lagos podem produzir substâncias nocivas à saúde dos animais. Restos de comidas nos bebedouros fermentam e produzem odor e sabor desagradável, levando a uma restrição de consumo. Insetos mortos, como moscas, podem ser vetores de doenças e parasitoses, comprometendo também a saúde dos animais.
Não somente a limpeza é importante, mas também a manutenção dos bebedouros e locais de acesso. Acúmulo de barro, altura inadequada, difícil acesso, são pontos que devem ser observados para não causar restrição no consumo de água.
Garantindo a potabilidade da água e volumes adequados durante todo o dia, conseguimos garantir um consumo adequado. Nesse sentido, recomenda-se a realização de análise de potabilidade de água pelo menos uma vez ao ano, principalmente em centros de treinamentos e propriedades de alto desempenho, para se conhecer tanto as características da água fornecida, quanto os aspectos qualitativos da mesma.
Assegurar um consumo de água adequado é fundamental em equinos expostos a exercícios prolongados ou em ambientes quentes, pois a restrição ao consumo de água pode levar a uma depreciação do apetite e redução no consumo voluntário de alimentos. O índice de água corporal dos equinos é relativamente constante (68 a 72 % do peso total), sendo que a exigência mínima de água pelos equinos em mantença está diretamente correlacionada às perdas e excreções através da urina, das fezes, do suor, da evaporação nos pulmões e pela secreção de leite.
A quantidade de água consumida pelos equinos está relacionada a diversos fatores como, a composição química bromatológica dos alimentos associada especialmente ao conteúdo de proteínas, minerais e fibra da dieta, porém a digestibilidade das dietas, a temperatura e a umidade relativa do ar, a atividade física e o estágio fisiológico em que se encontram os animais são efetores cumulativos sobre as perdas e têm que ser compensadas pela ingestão de água. Sendo que o consumo de água e alimento estão diretamente interligados.
Para termos uma relação entre a quantidade de alimento consumido com a quantidade de água a ser ingerida, pode-se destacar que um animal adulto deva beber em torno de 2 a 3 litros de água / kg MS ingerida. Então um equino adulto, com 500kg de peso vivo, consumindo 3,5kg de ração concentrada e mais 9 kg de feno, estima-se que consumirá aproximadamente 21,2 a 31,8 litros de água/dia.

Garantir que os equinos, principalmente aqueles que desenvolvem atividades esportivas tenham ingerido quantidades de nutrientes diárias adequadas, permite que desempenhem suas performances mais facilmente sem causar grandes danos ao seu metabolismo. Animais submetidos ao esforço físico ocorrem em um grande aumento na produção de calor devido à ineficiência do metabolismo energético. Logo, em animais que realizam exercícios de moderado e de alta intensidade observa-se de 40 a 60 vezes mais calor que o produzido pelo metabolismo basal, sendo a sudorese a principal via de dispersão deste calor nos equinos, no qual o volume de suor depende em parte da intensidade do exercício, da distância, do tipo de andadura, do terreno e com a quantidade de peso carregado, influenciando diretamente no consumo de água. Por esse fato, torna-se importante o consumo adequado da água, e apenas recomenda-se restringir o consumo da mesma, momentos antes e durante a recuperação dos animais após exercícios, quando o batimento cardíaco e os movimentos respiratórios estão elevados.
A água é sem dúvida um ponto importante que deve ser observado na dieta dos animais, e fornecer ou garantir o consumo adequado da mesma, pode ser o grande elo para o sucesso. Avaliar os locais de fornecimento, a qualidade e aspectos ligados à água e suas fontes, é fundamental em um local de desempenho e referência equestre. Cabe sempre a recomendação de que havendo dúvidas, um técnico pode ser o grande aliado para trazer soluções adequadas ao seu empreendimento. (Artigo publicado na edição 81 da Revista Horse)