Bardoto ou Bis-Burro - A ramificação do muar pouco convencional no Brasil
Por que denominações diferentes para burros e mulas, filhos do jumento com égua, e bardotos e bardotas, do garanhão com a jumenta? Simples de entender: eles têm uma aparência diferente. A variação visual pode ser muito discreta ou grosseira. O termo bis-burro vem justamente por esta razão. Em outros idiomas os muares são chamados de mulos ou mulas. Em castelhano, o jumento tem a denominação de burro. Os bardotos, na grande maioria dos casos se assemelham mais às mães, por isso bis, repetir, a aparência dos asininos. Assim surgiu o termo bis-burro. Temos que ter em mente que os asininos são prepotentes no acasalamento, cerca de 60% das características vêm deles.
Na criação tradicional, as éguas por seu tamanho contribuem melhor para o êxito da produção. Tem um útero maior, consequentemente o feto tem mais espaço para se desenvolver. A cérvix, colo do útero, é mais dilatada, facilitando a fecundação. O jumento tem, em média, muito mais espermatozoides do que o garanhão. Quando ela pare, costuma ter bem mais leite. Nela o muar mama com menos prejuízo a seus aprumos, também por causa da altura da égua, em relação ao solo. As mães também se movimentam mais e têm mais brio que as jumentas, estímulos que vão para o neonato.
Na criação de bardotos, alguns garanhões não conseguem fecundar, ou não cobrem ou não tem capacidade de vencer a cérvix da jumenta. As asininas têm um útero apertado para um produto que deverá ser bem maior do que elas, fazendo com que algumas características sejam diferentes, as garupas são mais escorridas e as cabeças mais feias. Outro problema vem no momento do parto, algumas morrem por não ter tamanho e dilatação suficiente para um filho bem maior. O volume de leite é, na média, menor. Os bardotos, tendo vencido todas as dificuldades, mamam em uma fêmea bem menor que o pai, consequentemente, a probabilidade de ter aprumos prejudicados é bem maior.
Por todas as variações descritas é que a produção se dá em larga escala com reprodutores asininos. Nas entrelinhas percebe-se também que a produtividade é bem maior. Até a próxima!

Martin Frank Herman
É proprietário do Criatório Campeãs da Gameleira e colunista da Revista Horse. E-mail: herman@campeasdagameleira.com.br
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