Os impactos econômicos do Mormo
Estudo sobre Anemia Infecciosa e Mormo tem um grande desafio e pode direcionar políticas públicas no segmento. Para o bem ou para o mal
Um novo estudo encontra-se em andamento e poderá ser um grande avanço para equideocultura. Talvez não pelos seus resultados, mas por seus efeitos colaterais. A frase soa estranha, mas espera-se esclarecer nos próximos parágrafos. Antes, é necessário comentar sobre qual estudo está em desenvolvimento.
Com apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), está sendo proposto avaliar a efetividade do Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em relação ao Mormo e a Anemia Infecciosa Equina (AIE). Espera-se que os resultados desse estudo permitam desenvolvimento de políticas públicas. Missão nobre e fundamental para o desenvolvimento da equideocultura brasileira, que tem sofrido tanto com Anemia Infecciosa Equina (AIE) quanto com o Mormo, mas acompanhada de grandes desafios. Neste artigo o foco será nos desafios da avaliação econômica dos impactos do Mormo.
O primeiro grande desafio está do dimensionamento do universo da pesquisa: a tropa brasileira. Embora o edital do IICA referente à concorrência 015-2020, que originou a contratação do estudo, afirme que há 6,5 milhões de equídeos (equinos, asininos e muares) no Brasil, esse número está longe de ser uma certeza. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o responsável pelos dois principais levantamentos do efetivo de animais no Brasil: o censo Agropecuário e a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM).
De acordo com o último Censo realizado pelo IBGE, em 31/12/2017 havia, no Brasil, 4.236.062 equinos, 376.874 asininos e 615.498 muares. Portanto, um total de 5.228.434 de equídeos. Esse total é muito inferior aos 6,5 milhões de animais citados no edital. É verdade que o Censo Agropecuário do IBGE subestima o número de equinos. Se a metodologia do IBGE é adequada para bovinos, para equídeos deixa muito a desejar. Diferentemente de bovinos, há equinos em propriedades com apenas um animal e em áreas urbanas. O Censo Agropecuária não capta esses números. Por exemplo, segundo o Censo Agropecuário não existe equinos na Baixada Santista, onde há, inclusive haras e até mesmo um Jockey Club. Mas essa subestimativa não deve atingir a casa de milhão de animais para se aproximar dos citados 6,5 milhões.
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Roberto Arruda
é professor e pesquisador da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz)
e-mail:[email protected]
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