Pesquisa investe na conservação do cavalo lavradeiro de Roraima
O cavalo lavradeiro de Roraima, também chamado de cavalo selvagem, é um dos principais símbolos do estado
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Roraima, estão trabalhando para preservar o cavalo lavradeiro, variedade típica dos campos do estado amazônico, e conhecer a genética do animal.
Pequeno, veloz e resistente, o animal surgiu a partir de cavalos trazidos pelos portugueses no século 17 e, desde então, é montado por boiadeiros que criam gado na área de cerrado de Roraima.
O cavalo lavradeiro de Roraima, também chamado de cavalo selvagem, é um dos principais símbolos do estado, por isso, são vistos estampados em camisetas, ônibus interestaduais e em outros souvenires que representam à região.
Além disso, o animal é um presente genético para os cientistas, pois os séculos de adaptação às condições de lavrado o tornaram um manancial de genes à disposição da pesquisa.
Uma das características que mais desperta o interesse dos pesquisadores é o incrível desempenho físico do cavalo lavradeiro, capaz de percorrer grandes distâncias de velocidade, se alimentando apenas do capim do lavrado.
Segundo o pesquisador Ramayana Menezes Braga em seu livro "Cavalo lavradeiro em Roraima: aspectos históricos, ecológicos e de conservação", na formação de uma raça animal dois fatores interferem diretamente: o potencial genético e o ambiente.
A interação entre esses fatores é que determina o fenótipo, ou seja, a forma física do animal, incluindo tamanho, resistência, rusticidade etc.
Entre os lavradeiros, o índice de incidência da anemia infecciosa é de 50%, mas, surpreendentemente, a maioria deles não apresenta os sintomas típicos da doença. Compreender essa imunidade é um dos objetivos do trabalho da Embrapa-RR.
O cavalo lavradeiro é um ótimo exemplo da ação da natureza que, ao longo dos séculos, foi eliminando os genes desfavoráveis, fazendo com que apenas os animais mais fortes e adaptados sobrevivessem.
São animais pequenos (1,40 m), com alto índice de fertilidade, muito velozes (podem correr por 30 minutos a 60 Km/h), resistentes aos trabalhos árduos e tolerantes a doenças e parasitas.
Animais são conservados em núcleos de criação
Atualmente, a Embrapa-RR mantem um Núcleo de Conservação do cavalo lavradeiro na Fazenda Resolução, situada no município de Amajari a cerca de 170 quilômetros de Boa Vista.
No total, são 43 animais da Embrapa-RR que são mantidos juntamente com animais de propriedade de criadores particulares. Somam-se a esses, seis garanhões que foram transferidos para o campo experimental "Fazenda Água Boa", também da instituição.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Maria do Socorro Maués, que recentemente visitou o Núcleo de Conservação em Roraima, as ações desenvolvidas até o momento permitiram a manutenção dos animais.As necessidades incluem alimentação, vacinação e vermifugação, entre outras.
"Mas é preciso investir em ações mais efetivas para conhecer melhor a capacidade genética do cavalo lavradeiro", ressalta a pesquisadora.
Ações de pesquisa serão intensificadas para desvendar a riqueza genética do cavalo lavradeiro.
Conservação
Conta à lenda que mais de dois mil cavalos habitavam o estado de Roraima. Hoje, esse número talvez não chegue a 200.
A Embrapa e as instituições parceiras pretendem, acima de tudo, é desenvolver pesquisas que permitam chegar a metodologias eficientes de conservação desses animais.
"Com a conservação em bancos genéticos, através de amostras de sêmen e DNA, aliada à manutenção dos animais em núcleos de criação, esperamos poder contribuir para a conservação da raça lavradeira. E dessa forma, garantir que esse tesouro genético possa continuar sendo símbolo das futuras gerações de Roraima e do Brasil", finaliza a pesquisadora da Embrapa.(MM)
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