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Resposta
Tenho um cavalo de 5 anos e eu não consigo andar nele sem estar amadrinhado, Começa muito bem, de repente oma rédea e sobe barranco, apruma e então eu tenho que retornar para o meu terreno. Uso um bridão tipo D. O que você pode me recomendar, e o que fazer?
Pelo seu relato, parece que a dificuldade maior é porque seu cavalo foi mal iniciado. Parece-me ter menos relação com a embocadura. Você já observou se ele faz isso só com você ou com outros cavaleiros? O fato de fazer direito o que é solicitado, quando está amadrinhado, é porque precisa de mais apoio para confiar.
Os cavalos aprendem no alívio da pressão (o certo e o errado) e se você alivia na hora que está fazendo algo errado, vai entender que é isso que você espera dele. Basta ele tentar tomar a rédea e barranquear que ele obtém o que de você? Alívio e volta para casa.
Isso precisa mudar. Se você monta pensando que isso vai acontecer, essa tensão no seu corpo é percebida pelo cavalo e ele vai amplificar, afinal ele tem 400 kg e como diz o ditado, “Cavalo é espelho do cavaleiro”. E pode estender isso também ao tratador, do treinador etc.
O cavaleiro tem de liderar o cavalo, isso significa, na linguagem do cavalo, ser alfa, merecer liderar, e ele tem de confiar em você. Sugiro que você melhore a comunicação com ele no trabalho montado, seu trabalho de pernas. Você também pode melhorar e refinar a sua relação com o cavalo a partir do chão. A parti daí, sair com determinação, olho no horizonte, e não na cabeça do cavalo, pois ele fica esperando que hora você vai se contrair para assumir o controle da situação.
Então, você pode se antecipar a ele, respirar profundamente diversas vezes, dissipar a adrenalina e a tensão, e quando você imagina que está se aproximando o local onde ele “dá novidade”, então coloca mais a perna, aperta e empurra adiante, sem pressionar demais a rédea. Deixe ele mais solto e focalize o horizonte. Só fique atento para para não confundir ser firme com usar aspereza ou violência. Mostre a ele o limite.
Se com tudo isso ele ainda quiser voltar, rode ele novamente e o empurre adiante. Aliviar na hora errada, algumas vezes, é o suficiente para que ela saiba que é isso que você espera que faça.
Num piquete ou redondel, existe uma série de exercícios de arena que vocês podem fazer juntos. É importante reconstruir a confiança entre o conjunto. Entre os exercícios, estão: ceder a paleta, ceder a nuca, flexão dos posteriores, engajamento, reunião e regularidade. Todos podem ser feitos primeiro do chão e depois montado.
Ir à rua, usufruir da relação com seu cavalo não é apenas montar e ir adiante. É um longo e prazeroso processo de aprendizagem, confiança e cooperação. Cavalos também falam muito sobre nós mesmos, sobre limites, noção de si mesmo, clareza na comunicação. Não se deve, por exemplo, comunicar algo com as mãos (contenção) e outra coisa diferente da anterior com pernas ou tensão no corpo. Há um sincronismo entre cavalo e cavaleiro. Rédeas, embocaduras e pernas são instrumentos de comunicação, não de pressão nem de contenção. Espero que estas informações façam sentido para você. Seguimos à disposição.
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José Luiz Jorge é autor do livro “Falando Sobre Cavalos” e proprietário do Rancho São Miguel, em Mogi das Cruzes (SP) E-mail: [email protected]